A trajetória das remessas internacionais para o Brasil nas últimas décadas reflete transformações econômicas profundas. De médias históricas de US$ 209,50 milhões até picos de mais de US$ 450 milhões, esse fluxo não apenas sustenta milhares de famílias, mas também espelha as conexões globais que moldam nosso cotidiano. Com inovações tecnológicas e mudanças regulatórias, o cenário se renova, exigindo atenção de consumidores, empresas e profissionais do setor aduaneiro. Neste artigo, exploramos as tendências, desafios e oportunidades que permeiam esse ambiente dinâmico.
Crescimento do Mercado de Remessas
Em outubro de 2025, o volume de remessas para o Brasil atingiu US$ 393,90 milhões, superando em quase 11% o patamar de setembro. Esse movimento reflete não apenas a confiança dos remetentes, mas também o protagonismo de fintechs e serviços digitais que superam instituições tradicionais. Desde 1995, a média anual de US$ 209,50 milhões demonstra um avanço consistente, com picos em 2022 e mínimos em 1998, revelando a resiliência do mercado diante de crises econômicas e instabilidades cambiais.
A demanda por remessas internacionais está diretamente ligada ao aumento do comércio eletrônico, viagens internacionais e investimentos no exterior. Em junho de 2025, foram recebidas mais de 13 milhões de remessas, das quais 96,38% passaram pelo Programa Remessa Conforme. Esse percentual evidencia a adesão massiva ao programa, que assegura conformidade e rastreabilidade em todas as operações.
Mudanças Regulatórias Essenciais
No primeiro semestre de 2025, o País experimentou alterações significativas na tributação de encomendas internacionais e remessas. Essas mudanças buscam isonomia tributária e estímulo à economia nacional, reduzindo a vantagem competitiva que produtos importados vinham desfrutando em comparação aos bens produzidos internamente.
- ICMS sobre encomendas internacionais elevado de 17% para 20% a partir de abril de 2025.
- Manutenção do imposto de importação de 20% para encomendas de até US$ 50, instituído em 2023.
- Unificação da alíquota de IOF em 3,5% para todas as operações com cartões, desde maio de 2025.
Essas alterações refletem o esforço coordenado entre o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda e o Banco Central, visando maior equilíbrio entre consumo de produtos nacionais e importados. Para empresas que dependem de insumos externos, a elevação de tributos pode representar desafios de planejamento e necessidade de revisão de custos.
Inovações Operacionais e Digitais
Para além da tributação, o Brasil avança em processos operacionais que elevam a eficiência das remessas internacionais. O Programa Remessa Conforme introduziu práticas de rastreamento e regularização que reduziram erros declaratórios e driblaram fraudes, tornando-se modelo para outras alfândegas ao redor do mundo.
- Uso de raio-x e inteligência artificial para fiscalização ágil.
- Descontos em tributos para empresas certificadas pelo programa.
- Testes do Pix Internacional no âmbito da América Latina.
A introdução de soluções tecnológicas também impacta positivamente o tempo de despacho aduaneiro, reduzindo prazos em até 30%, conforme estimativas da Receita Federal. Isso significa menos tempo de espera para produtos e maior previsibilidade financeira para importadores e consumidores.
Impacto na Economia e no Consumidor
As transformações no mercado de remessas repercutem diretamente no bolso do consumidor e na dinâmica empresarial. Em 2024, brasileiros gastaram quase R$ 15 bilhões em cerca de 190 milhões de encomendas. A chamada “taxa da blusinha” – imposto de importação para pacotes de até US$ 50 – gerou R$ 670 milhões em arrecadação entre agosto e dezembro de 2024, sinalizando a relevância fiscal da medida.
- Consumidores avaliam preços e prazos antes de importar.
- Empresas nacionais ganham espaço diante de importados mais caros.
- Fintechs oferecem alternativas de câmbio competitivo e taxas reduzidas.
Apesar do aumento de custos em produtos trazidos do exterior, o consumidor encontra oportunidades em marketplaces nacionais e feiras de produtores locais, fomentando a economia interna e valorizando a produção regional. Já para lojistas que buscam insumos importados, a dica é planejar compras em lote, negociar fretes e aproveitar programas de certificação que oferecem descontos em tributos.
Perspectivas e Recomendações Práticas
Olhar para o futuro exige integração de estratégias que unam conformidade, eficiência e custos controlados. A seguir, confira recomendações para empresas e indivíduos que desejam otimizar suas operações de remessas internacionais:
1. Escolha parceiros especializados: selecione plataformas que ofereçam rastreamento em tempo real e suporte regulatório.
2. Aproveite incentivos fiscais: inscreva-se no Programa Remessa Conforme para reduzir taxas e ganhar agilidade.
3. Planeje compras: consolide pedidos para minimizar impactos de tributos e fretes internacionais.
4. Explore o Pix Internacional: participe dos testes e fique à frente na adoção de pagamentos em tempo real na América Latina.
Em síntese, o mercado de remessas internacionais no Brasil vive um momento de combinação entre inovação e regulação. A elevação de tributos, embora necessária para proteger a indústria nacional, exige adaptação de consumidores e empresas. As novas ferramentas tecnológicas, por sua vez, oferecem caminhos para otimizar processos, reduzir custos logísticos e tornar as operações mais transparentes.
Com a expansão de fintechs e o avanço de iniciativas do Banco Central, como o Pix Internacional, o País se consolida como polo de vanguarda nas transações globais. Seja para quem envia recursos ao exterior, importa mercadorias ou acompanha o dinamismo do e-commerce, o sucesso estará em equilibrar eficiência, custo e conformidade. Assim, as remessas internacionais não apenas se manterão ágeis e econômicas, mas também impulsionarão o desenvolvimento sustentável de toda a cadeia produtiva brasileira.
Referências
- https://pt.tradingeconomics.com/brazil/remittances
- https://confi.net.br/blog/todos/icms-2025-aumento-sobre-encomendas-internacionais/
- https://www.royalpartner.com.br/single-post/remessa-internacional-2025-o-que-mudou-e-como-economizar
- https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/06/20/brasileiros-gastam-quase-r-15-bilhoes-em-encomendas-internacionais-em-2024-novo-recorde.ghtml
- https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/11/25/bc-deficit-das-contas-externas-sobe-21percent-no-ate-outubro-investimento-estrangeiro-tambem-avanca.ghtml
- https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/noticias/2025/novembro/pais-bate-recorde-de-exportacao-importacao-e-corrente-de-comercio-no-acumulado-do-ano
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-11/contas-externas-tem-saldo-negativo-de-us-51-bilhoes-em-outubro
- https://www.cnnbrasil.com.br/economia/mercado/remessas-ao-exterior-instituicoes-financeiras-digitais-avancam-no-mercado/
- https://matogrossoeconomico.com.br/economia/pix-internacional-deve-impulsionar-integracao-financeira-entre-paises-e-facilitar-pagamentos-em-tempo-real/
- https://www.bcb.gov.br/estatisticas/estatisticassetorexterno
- https://www.oliberal.com/economia/receber-compras-internacionais-vai-ficar-mais-rapido-e-barato-veja-por-que-1.1018586
- https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cft/apresentacoes-em-eventos/apresentacoes-de-convidados-em-eventos-2025/audiencia-publica-projeto-de-lei-no-3-261-de-2025-que-restabelece-a-isencao-do-imposto-de-importacao-em-compras-internacionais-de-ate-50-dolares/cnc-relatorio-tecnico-sobre-o-programa-remessa-conforme-prc/view
- https://dados.gov.br/dados/conjuntos-dados/balanco-aduaneiro
- https://www.youtube.com/watch?v=m64s0LKVyWU







